Eu amo-te…
Eu
amo-te porque todos os amores do mundo são como rios diferentes que correm para
um mesmo lago e
ali se transformam num amor único que por sua vez se transforma em chuva e
abençoa a terra…
Eu
amo-te como um rio, que cria as condições para que a vegetação e as flores
cresçam por onde ele passa…
Eu
amo-te como um rio, que dá de beber a quem tem sede e transporta as pessoas até
onde elas querem chegar…
Eu
amo-te como um rio, que entende que precisa de correr de maneira diferente numa
cascata e aprender a repousar numa depressão de terreno…
Eu
amo-te porque todos nascemos no mesmo lugar, na mesma fonte que continua a
alimentar-nos sempre com mais água… Assim, quando estamos fracos tudo o que
precisamos de fazer é aguardar um pouco. A primavera regressa, as neves do
Inverno derretem e tornam a encher-nos de nova energia…
Eu
amo-te como um rio que começa solitário e fraco numa montanha, aos poucos vai
crescendo e unindo-se a outros rios que se aproximam até que, a partir de
determinado momento, pode contornar qualquer obstáculo para chegar onde deseja…
Então,
eu recebo o teu amor e entrego-te o meu amor…Não
o amor de um homem por uma mulher, não o amor de um pai por uma filha, não o
amor de Deus pelas suas criaturas…Mas
um amor sem nome, sem explicação, como um rio que não consegue explicar o seu
percurso, apenas segue avançando…
Um
amor que não pede e que não dá nada em troca, apenas se manifesta…
Eu
nunca serei teu, tu nunca serás minha, mas mesmo assim posso dizer : eu
amo-te, eu amo-te, eu amo-te…
- Paulo Coelho em "Aleph" -
Mais um excelente excerto de Paulo Coelho, desta vez do livro "Aleph", que nos fala sobre a possibilidade de amar alguém que não se pode ter...tal e qual um rio que ama cada passo do seu percurso até ser mar...
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