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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Eu amo-te


Eu amo-te…

Eu amo-te porque todos os amores do mundo são como rios diferentes que correm para um mesmo lago e ali se transformam num amor único que por sua vez se transforma em chuva e abençoa a terra…

Eu amo-te como um rio, que cria as condições para que a vegetação e as flores cresçam por  onde ele passa…

Eu amo-te como um rio, que dá de beber a quem tem sede e transporta as pessoas até onde elas querem chegar…

Eu amo-te como um rio, que entende que precisa de correr de maneira diferente numa cascata e aprender a repousar numa depressão de terreno…

Eu amo-te porque todos nascemos no mesmo lugar, na mesma fonte que continua a alimentar-nos sempre com mais água… Assim, quando estamos fracos tudo o que precisamos de fazer é aguardar um pouco. A primavera regressa, as neves do Inverno derretem e tornam a encher-nos de nova energia…

Eu amo-te como um rio que começa solitário e fraco numa montanha, aos poucos vai crescendo e unindo-se a outros rios que se aproximam até que, a partir de determinado momento, pode contornar qualquer obstáculo para chegar onde deseja…

Então, eu recebo o teu amor e entrego-te o meu amor…Não o amor de um homem por uma mulher, não o amor de um pai por uma filha, não o amor de Deus pelas suas criaturas…Mas um amor sem nome, sem explicação, como um rio que não consegue explicar o seu percurso, apenas segue avançando…

Um amor que não pede e que não dá nada em troca, apenas se manifesta…

Eu nunca serei teu, tu nunca serás minha, mas mesmo assim posso dizer : eu amo-te, eu amo-te, eu amo-te… 

- Paulo Coelho em "Aleph" - 


Mais um excelente excerto de Paulo Coelho, desta vez do livro "Aleph", que nos  fala sobre a possibilidade de amar alguém que não se pode ter...tal e qual um rio que ama cada passo do seu percurso até ser mar... 

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